20 de set. de 2010

Memórias de todo o sempre

            O ano se vai, o último entre nós, não a escola e eu, já que o painel de notas e seus graciosos Is parecem que me amar tanto que não querem me deixar ir embora, mas entre eu e as pessoas que, durante esses últimos três anos, fizeram e farão sempre parte de mim, do que fui numa época que crescemos tão rápido, não em corpo - há alguns entre nós que lutam e não crescem - mas em alma. Há quem diga que esqueceremos uns aos outros, que um dia passaremos nas ruas e nos ignoraremos, passando reto sem dizer olá, porque esquecemos, porque nos deixamos esquecer, como se fôssemos capazes de abandonar uma parte de nós, mas não é. Não somos capazes.
            Como esquecer o sorriso nada discreto, porém não menos encantador de uma certa garota de olhos claros, esperta, linda e romantica, não por querer ser, mas por simplesmente ser, teria sido assim a Afrodite dos gregos? Difícil seria esquecer do vício em doces de uma garota geniosa, insistente em não crescer, porém já crescendo tão rápido quanto os demais crescem numa alma que será assim, nem criança, nem mulher, eternamente uma moça geniosa, de idéia tão formosa. E então que posso falar das memórias do amigo de visão aguçada, que viu o gato se transformar em coruja - Ou seria o contrário? Bem, o gato é dele, a coruja é dele, só me limito a ser dono do riso ao ouvir a história, toda vez.
           Como esquecer a promissora jovem, que se mostra uma bela muralha, mas ao cair de uma pequena e sensível pedrinha - que eu queria nunca ter visto cair a ainda não quero - se torna, em prantos, tão humana quanto qualquer um que vi e, quando se deixa ser visitada pela paz, pela alegria, pela amizade, ganha em seu topo uma flor, de pétalas tão coloridas quanto ela supõe. Quem me dera só poder fingir que uma dia me esquecerei do amigo roqueiro que, entre a força que vem da música, que vem da coragem, que vem da vida e que vem da amizade, se torna imbatível, mas nem por isso menos atento, sempre olhando cada um dos olhos ao seu redor, se preocupando com as pequenas rachaduras nas almas dentro de seus amigos, e curando-as com sua companhia. E então as mais novas promessas, loucas promessas, loucos garotos, um trio de malucos realmente, que ensina na sede e na fome para um barbudo que se acha adulto, que não nada vale beber seu refrigerante favorito na completa solidão, se comparada a beber coca-cola entre piadas, risos e conversas espontâneas.
          Então digo a todos que estão nas minhas memórias, posso esquecer seus nomes - pois não sou o melhor nisso - e até mesmo qual seu prato favorito, mas nunca, garanto eu, nunca poderei esquecer quem foram e as lembranças que me deram, não grandes lembranças, mas boas lembranças, as de que preciso, as que aprecio.

14 de set. de 2010

Idéias absolutistas (não é post de história >.<)

           Absolutismo vem de absoluto, aquilo que é inquestionável, constante e imutável, ao menos na mente das pessoas que o pensam. É estranho ouvir essa palavra nos dias de hoje, pois parece coisa do passado, coisa de reis da idade média que, absolutistas, exerciam poder absoluto até mesmo sobre as crenças das pessoas - por exemplo, na Europa, durante certo tempo, decidiram que quem não fosse católico ia pra fogueira -, pois assim mantinham seu poder. Mas e nos dias de hoje? O Brasil não é mais monarquia, gozamos de liberdade cultural e religiosa, somos o que quisemos quando queremos. Então porque falar de absolutismo? Por acaso este autor já está querendo fazer uma postagem inteira sobre história só pra ter o que postar nessa semana?
            Na verdade não, o absolutismo, por mais estranho que possa ser dizer, ainda existe enraizado na personalidade da maioria dos brasileiros, é só dar uma olhadela melhor. Para ilustrar melhor isso, conto uma história, acontecida esses dias. Conversava com uma amiga, frustrada de como a vida seguia um curso estranho, como tinha saudades de sua infância onde se divertia, brincava e via a vida de uma forma simples, assim como seus amigos. Hoje, seus amigos não vêem mais a vida assim, estão cercados de responsabilidades com namoros, estudos e trabalhos, pra eles brincadeiras são coisas de criança, não pra adolescentes. Ela me dizia isso, enquanto ia e vinha num brinquedo de criança, um balanço, foi quando
apareceram crianças, do outro lado, gritando e resmungando sobre a presença dela alí, diziam que ela era grande demais pra estar alí com brincadeiras e zombarias. Percebem? Já não bastava os antigos amigos dela, hoje adolescentes quase na fase adulta, dizerem que brincadeiras assim eram apenas para crianças, surgiam crianças dizendo que essas brincadeiras eram só para crianças! Crianças já dizendo que o que é de adulto e o que não é, depois reclamam porque aparece uma menina de doze anos dando por aí - foi mal o linguajar, moças (=X) -, sem nem mesmo perceber que é culpa de uma sociedade que trata coisas assim como essenciais para adultos que, como todos sabem, é o desejo de toda criança: ser adulto. Se elas não conseguem isso crescendo naturalmente - porque demora - vão tentar fazer isso imitando os comportamentos dos pais, tios ou o primeiro adulto que aparecer no comercial da TV.
            Muitos vão achar que é um absurdo o que falo, como se fossem adultas o tempo inteiro e nunca tivessem vontades infantis, nunca tivessem o desejo de uma hora jogar tudo pro alto e aproveitar o dia como podem, mas não o fazem, porque? Porque já estão mergulhados no engodo que são as responsabilidades da vida. Sim, engodo, porque se acham que é o dinheiro que ganham agora, o trabalho que têm agora, as faculdades que estudam agora, as namoradas que tem agora, que vão ditar toda a sua vida, está iludido.
             Elas apenas representam parte de uma totalidade, representam apenas o momento que têm agora, porque NADA no mundo é constante, tudo é inconstante. Ou seja, o trabalho que ama agora pode não amar amanhã, então porque dedicar completamente sua vida a isso e esquecer as pequenas diversões da vida, a inocência, a simplicidade?
            Mas deixar de brincadeiras e começar a se dedicar apenas às responsabilidades é coisa de adulto, né? Não. Isso é uma idéia absolutista, dizer que há coisas de criança e coisas de adulto (ou vão me dizer que se eu comer Danoninho vou estar fazendo "coisas de criança"?), sendo essa mesma idéia absoluta que atrasa setores culturais no Brasil como quadrinhos, animações e desenvolvimento de jogos para videogame (ou celular), pois são setores vistos como infantis, que buscam apenas crianças. É uma idéia absolutista, hoje se vê que o consumo de quadrinhos é muito frequente em adultos - que um dia já foram crianças que as
adoravam talvez menos que hoje - assim como o gosto por um bom filme ou seriado de animação e o prazer em se jogar um PS2, mas no Brasil essas áreas são tímidas, uma questão cultural que demora pra ser modificada.
            Uma outra idéia absolutista - que se observa mais entre os mais velhos - é uma herança bem de lá atrás, na idade média, onde os reis diziam que quem nascia rico, morria rico, era a vontade de Deus! Hoje em dia vejo muita, mas MUITA gente falando que quem é pobre nunca vai ter dinheiro pra comprar um Porsche, porque NUNCA vai ser rico. Porra, o quê que eu falo pra um nego desses? Vai estudar e trabalhar, que tú descobre que dá sim pra ser rico, pare de achar que coisas caem do céu e trilhe seu próprio caminho, abandone patrões idiotas, não fique em empregos só pra ter segurança, sempre pense alto, ambicione, que tú consegue.
            É dificil, fato, mas nada é impossível, afirmar que coisas NUNCA devem ser feitas ou NUNCA devem acontecer são, na maioria dos casos, idéias absolutistas. Mas nem sempre, você ainda NUNCA deve matar uma pessoa, é uma idéia absolutista boa, mas essa não pega, pelo menos não no Brasil.
            Eu poderia fazer inúmeras outras citações de idéias absolutas na cultura brasileira, porém não é a idéia dessa postagem, e sim que são coisas que existem sim, que devem ser combatidas, e não devem ser ignoradas, porque servem como um atraso de vida.

13 de set. de 2010

Dica de audiobook

          Olha, tem pessoa que nem adianta dizer que a história de um livro é incrivelmente boa e o autor sabe escrever de uma forma intrigante ou interessante seu livro pra convencer alguém a lê-lo, as vezes nem mesmo falar que o livro é de graça faz a pessoa se interessar por ele, é o tipico anti-leitura, comum no Brasil. Mas quero ver o que falam contra os Audio Books! Se agora alguém tinha preguiça de ler, muitos livros estão surgindo com audio, narrados até por pessoas famosas por aí.
         Um exemplo é o Quando Nietzsche Chorou – cujo autor do livro é Irvin Yalom - narrado pelo José Wilker. Vou deixar o link aqui do audiobook, baixem e aproveitem. Aqui uma breve resenha antes:

Sinopse:
         Uma trama envolvente, que mescla fato e ficção num drama de amor, fé e vontade na Viena do século XIX. Os personagens são Nietzsche, o maior filósofo da Europa; Breuer, um dos pais da Psicanálise; e um jovem médico, chamado Sigmund Freud. Um romance inesquecível, narrado por José Wilker, que conta a terapia imaginária que teria acontecido entre um extraordinário paciente e um terapeuta talentoso. Plugue-se nesse drama!
         Sobre o Autor: Irvin D. Yalom é psicoterapeuta e professor de psiquiatria na Escola de Medicina de Stanford. Levou a psiquiatria ao sucesso no âmbito literário ao abordá-la em vários de seus livros, entrelaçando realidade e ficção.
       
          Narrador por: José Wilker

           Ator, diretor, autor e crítico de cinema, José Wilker fez surgir seu talento no teatro de vanguarda nos anos 1970 e obteve projeção internacional com novelas como Salvador da Pátria e Roque Santeiro, e filmes em Dona Flor e seus 2 maridos e Bye, bye Brasil.

          No site da loja Extra, você encontra o audiobook por um preço razoavelmente baixo, pra quem tiver interesse, o link do produto está aqui.

Sustentabilidade Vs Consumismo?

          Eu assisti no último domingo - aliás, ontem - o debate entre os principais candidatos à presidência do Brasil, e entre farpas de faíscas que alguns candidatos trocavam tirando um horário de debate de soluções e propaganda de seus planos para o país para colocar uma troca de tentativas de desmoralizações, surgiu uma questão que me chamou a atenção. A jornalista da Rede Tv no bloco onde os jornalistas faziam perguntas aos candidatos, questionou - para candidata Marina, do PV - se a proposta dela de sustentabilidade não freiaria da felicidade do povo brasileiro, que começava agora a ter direito pra comprar, pra consumir. De acordo com ela, seus planos fariam as pessoas consumirem menos e com menor qualidade em nome da proteção da natureza.
          Eu achei muito estúpida a pergunta da jornalista, aliás, bem idiota mesmo. Como a própria Marina disse, era uma noção antiquada que ainda se tem no Brasil onde consumir com qualidade significa se opor a Sustentabilidade. Realmente no Brasil ainda falta consciência ambiental, não sou expert no assunto, mas mais inteirado no assunto que a jornalista da pergunta eu estou. Pra quem não está, vai algumas curiosidades: