14 de out. de 2010

O Brasil é Laico?

             Quando se faz essa pergunta, a maioria das pessoas que vivem no país dizem que sim, ou seja, a religião não influencia nas tomadas de decisões do governo.
            Mas essas eleições de 2010, servindo como um medidor de "laicismo" do Brasil, botaram em dúvida essa certeza. Afinal, a candidata à presidência da república, Dilma Roussef, praticamente perdeu o primeiro turno das eleições por uma questão religiosa: o aborto.
           No sentido religioso o aborto é um desrespeito à valorização da vida, mas não se pode esquecer o fato de que não são poucas as mortes de mulheres que recorrem à abortos clandestinos, nem de bebês abandonados em orfanatos ou até mesmo em lixos! A religião - não apenas nesse, como em vários outros casos -, não apenas definiu a opinião das pessoas - que não souberam separar um problema de saúde pública da religião - como definiu os resultados das eleições.
          Deixaram de perguntar a ela sobre seus planos e metas na saúde, na economia e na educação do país, para se discutir questões religiosas, que ganharam prioridade. Então, lhe pergunto, o Brasil é realmente um país laico?

2 de out. de 2010

Demônios-da-tasmânia

                Mais uma postagem sobre um assunto que todo mundo já fala, coisa banal mesmo, mas que ainda vejo direto por aí. Tem pessoas que falam que "Po, racismo é errado", mas cinco minutos depois já falam "Aquele cara fumou maconha, ele não presta", e depois enche o peito para dizer que não tem preconceitos e odeia quem tenha. É nessas horas que refletimos sobre como seres humanos podem ser idiotas, andamos até nossa casa, tocamos no notebook e começamos a escrever num editorzinho de texto muito furreca.
              Primeiramente, maconheiro não é sinônimo de bandido. Tanto que há intelectuais e pessoas muito influentes que são a favor da legalização da maconha ou já fizeram uso dela, como Gilberto Gil, ou ele é bandido agora? Não se pode afirmar nunca que alguém é isso ou aquilo se não a conhecer, se não conversar com ela, nem mesmo um homem preso por ser suspeito de assassinato deve ser considerado mal caráter, afinal, ninguém garante que ele matou mesmo alguém.
             Segundo, falar que não se tem preconceito é o mesmo que falar que você não tem um pulmão ou uma certa massa cinzenta na tua cabeça que você não usa, meu amigo. O preconceito é um sistema de alerta do corpo humano, assim como aquele que te faz sentir dor quando corta o dedo, é um alerta do tipo "tem algo errado, pare de fazer isso", não é? O preconceito é mais pra "Tem algo errado naquele cara, não se aproxime, DANGER! DANGER!", é um traço não só da mente humana, mas de qualquer animal - se você tem um cachorro que não curte gatos, saiba que ele é tão preconceituoso quanto você, caro leitor -, faz parte da psique humana avisando do perigo da aproximação de uma criatura desconhecida, que sua mente não conhece fraquesas, não conhece as qualidades, então têm medo, não sabe de que forma, caso ela queira, poderá te ferir ou te prejudicar, é fácil de entender como funciona. Como no caso do assassino, tudo bem que ninguém garante que ele é mesmo o assassino, mas caso seja, você corre um considerável risco de vida em conversar com ele, em cálculos fáceis diríamos assim: há metade de chance dele ser um assassino, uns 50% então, dessa metade que possui certeza que ele é assassino, há metade de chance dele querer te matar, o que é o maior perigo, fechando aí em 25% as chances dele querer te matar no total dos cálculos. Não é um número tãaaao grande assim, mas é suficientemente gigantesco para colocar medo na sua mente, é uma questão de lógica.
            Porém esse sistema de alerta chamado preconceito nem sempre as coisas batem com a realidade, como no caso dos assassinos, pois quando você não sabe nada daquele tipo de pessoa, você fica perdido. É como tentar analizar um texto SEM TEXTO! Por exemplo, você se dá bem com Tasmanianos? O máximo que a maioria poderia dizer seria dizer é: "Ótimo, demônios-da-tasmânia são supersimpáticos, assistia na SBT", porque é o máximo que conhecemos deles. Agora no outro lado da moeda, se perguntar pra um espanhol o que ele acha de brasileiros, "Ótimo, belas prostitutas", sentiu um pouco da tensão? Mas não bata em espanhóis, nem em tasmanianos, são gente fina, só um pouco diferentes.
           Então para fechar para fechar a postagem, vou citar um trecho de um livro que nunca existiu e nunca existirá de um autor chamado Fernando Lobo, que se conhecerem, não é esse aqui, pois ele nunca existiu. O livro se chama "5 dicas para não ser um FDP em sociedade", na página que me foge da memória que nunca existiu, capítulo I, preconceito:
"(...)
  1.Não o repasse à frente, o preconceito é seu, o alerta é de seu corpo, tentar passar essa idéia precipitada para outras pessoas só vai gerar exclusão social contra aquela pessoa que é alvo do seu preconceito
  2. Tente ter uma conversa (que não seja hostil) com a pessoa no mínimo dez minutos.
  3. Caso seja um pintinho escondido na casca do ovo, pule a 2 e venha direto para a 4.
  4. Pesquise a respeito daquela característica que te assusta ou incomoda na outra pessoa, é a forma mais discreta e efetiva de fazer isso. Não pesquise apenas contras, nem Prós, pesquise os dois, para ter conhecimento total de tudo, pois é falta de conhecimento sobre aquele tipo de pessoa que faz sua mente temê-la, e ter medo das coisas não faz sucesso com as mulheres (u.ú), então é só ganhar vergonha na cara e usar o Santo Google!
  5. Se você é vítima de discriminação, não use isso para se justificar quando cometer o mesmo erro que cometeram contra você."
         Como eu não não prometi nada, vou fechar mais uma vez a postagem.
         Muitos podem discordar de mim, mas em outros países a xenofobia, o racismo e outras formas de preconceito até podem ser compreendidos - ainda não deixam de estar errados - por conta que nesses países há uma cultura uniforme, única, que sempre foi daquele jeito e talvez nunca vá mudar, é como um ser humano pousar numa cidade marciana. Mas quanto ao Brasil, é incabível, pois é um país mestiço de natureza. Não temos uma cultura única, muito pelo contrário - ainda bem -, temos inúmeras culturas diferentes que devem ser valorizadas e, nessa mistura, não adianta e nem faz sentido alguém discriminar outra, é querer viver no passado.