29 de mai. de 2011

Política da alfafa

Faz um tempo já eu conversava com um amigo – que não direi o nome, mas a dica é que as vezes eu o chamo afetuosamente de Espanhol maldito! E sim, essa foi uma informação quase inútil – sobre o Maluf. Uau, conversar sobre o Maluf, animador, afinal estamos conversando sobre os mais procurados da Interpol, sempre um assunto interessante.

O ponto em discussão era a relação entre o dinheiro que o Maluf desviava e a quantidade de feitos em seus mandatos. A conclusão dele, o maldito espanhol, era de que era muito melhor um político que desviava dinheiro, mas fazia algo, do que um que não desviava dinheiro e não fazia nada. E, principalmente, daqueles que desviam e NÃO FAZEM nada. Bem, eu tinha que concordar com ele, mas não queria. Afinal, eu sou um santo inocente e santos inocentes não concordam com corrupção, é inaceitável para a minha santíssima inocência, então minha mente logo buscou lógica no argumento, algo em que eu pudesse usar como base para concordar com o espanhol maldito, sem concordar com ele ao mesmo tempo. Meio complexo? Também acho.

Nessa pequena jornada de busca por respostas, comecei a pensar o que era o dinheiro para as pessoas de hoje e como isso se relaciona tanto com o que os políticos fazem ou deixam de fazer. Cheguei a conclusão, assim como muitos já devem ter chegado, que o dinheiro, ter dinheiro e fazer dinheiro é um fator tão motivador quanto a utilidade que esse dinheiro terá. É como se um dia ter alfafa significasse poder. Os poderosos teriam toneladas de alfafa e pensariam porquê diabos tinham tanta alfafa, afinal não gostavam de alfafa, quem gostava eram os outros e tinha mais alfafa do que precisaria para sobreviver a vida inteira. No final dariam de ombros e explorariam outro agricultor plantador de alfafa.

Mas como eu já disse, não vou incentivar a corrupção, nem mesmo tolerar, sejam quais forem as situações. Nem falar de dinheiro é o assunto do post, e sim o fator motivação. Os grandes admistradores de hoje sabem que quando um certo despartamento de uma empresa está perdendo rendimento, provavelmente é por conta de falta de motivação do empregado. Então começa aquela boiolagem de festas dos empregados, bônus no fim do ano, prêmio de melhor empregado do mês e até mesmo a glorificação da caixinha de sugestões. E o melhor é que sempre funciona! Afinal, quando um problema surge, você tem que enfiar uma agulha bem no olho dele, como eu pretendo sempre dizer.

E nossos governantes? Eles são empregados públicos, cujos testes de concurso público era uma bateria de jogadas de Marketing pra conseguir a maior quantidade de votos possíveis. Porém, mesmo os honestos – sim, existem políticos honestos, por incrível que pareça – acabam, após alguns anos dentro da política, se deixando levar para dois caminhos prováveis: o primeiro, e mais óbvio, é a corrupção, jogar tudo pro alto e ganhar o máximo que puder. O segundo, mais comum e não tão óbvio, é ser atingido pelo desâmino ao ver que a quantidade de pessoas afim de atrasar o desenvolvimento da cidade – ou estado, ou país, dependendo de quantos votos precisou – é muito maior que a quantidade de pessoas afim de alavancar o desenvolvimento local. Nesse desâmino, ele pode até não acabar indo para a corrupção, mas passa a tolerá-la, como algo comum e impossível de combater.

Em resumo, ocorre falta de motivação.

Numa empresa, quem traz novas políticas de motivação para uma equipe é seu líder ou seu patrão, principalmente esse último. Mas num governo, quem é o patrão? Quem é esse cara fodão capaz de mudar as coisas? De fazer alguém tirar a bunda da cadeira e fazer alguma coisa? Aí chegamos ao mesmo clichê de sempre – que não tem como deixar passar numa conversa desse tipo – o patrão dos governantes são seus governados, ou seja, a população, aqueles que o elegem e – infelizmente – aqueles que também não os elegeram.

O problema é que a maioria da população que vai gritar pelos seus direitos e reinvidicar promessas e mudanças – que é minoria, por sua vez – são na realidade marioentes de oposição, colocados simplesmente para fazer o governante parecer um cara mal e corrupto – não que não seja.

E mesmo a outra parcela, que realmente está alí porquê quer uma mudança nas políticas, normalmente não sabe como e nem onde gritar, o que acabam por fazer é simplesmente denegrir a reputação da política como um todo, fazendo a massa perder toda e qualquer fé nos governantes, nos políticos e na política. Políticos bons e maus, todos colocados como corruptos. Isso com toda e absoluta certeza deve desanimar os novos políticos despreparados, que acabam por se deixar levar pelo desânimo.

No Brasil encaramos esse problema sério, a falta de confiança da população no governo e ao mesmo tempo sua necessidade dele. As vezes me parece que a população brasileira vê seu governo como uma ONG que está alí para ajudar os carentes. Ele não tem a noção de que o governo é culpa dele, seja uma culpa boa ou ruim.

 Quando a cultura do brasileiro de achar que todo e qualquer político não presta, quando ele souber como pousar seus olhos para onde deve e sem precisar que alguém aponte e, principalmente, quando achar que ele, com as próprias mãos e com aqueles que o apoiam podem SIM mudar as políticas ao seu redor, motivados pela confiança daqueles que votaram neles e o real poder de mudar, então talvez o país mude. O governo mude. A política brasileira mude.

Enfim, não é assistindo a propaganda contra esse ou aquele partido e sabendo na ponta da língua o que tal oposição fez de errado que você pode se considerar politizado. Você deve saber quem são os bons, não apenas quem são os ruins. Apenas condenando os ruins e confiando nos bons a motivação pela política no país vai melhorar, essa é minha opinião.

Nenhum comentário:

Postar um comentário